segunda-feira, 18 de março de 2013

Poesia de Marcos Mairton



SEMANA SANTA NO “DE UM TUDO”

Recebi por esses dias o almanaque “De um Tudo” de março, que, dentre outras coisas, fala de mártires, de heróis e da Semana Santa, como bem destaca Audifax Rios, no editorial. 

Neste último tema - Semana Santa - tive oportunidade de colaborar, dizendo em versos um pouco da importância de Judas Iscariotes na minha formação de cordelista. 

Os versos, que ora compartilho, estão na coluna “Repentinadas”, junto a essa bela ilustração de Ricardo Vieira:


COMO JUDAS ME AJUDOU A CORDELIZAR
Marcos Mairton

Para mim, Semana Santa,
bem mais que religião,
Foi sempre como um costume,
uma grande tradição.
Ir à missa e à vigília
era encontro de família,
nunca foi obrigação.

Na quinta-feira maior,
tinha missa e romaria,
a minha avó jejuava
nesse dia não comia.
À noite era o “Lava-pés”.
Mais tarde, depois das dez,
a vigília se inicia.

Já a Sexta-Feira Santa,
era um dia de recato,
sem menino jogar bola
e sem mulher lavar prato.
Acredite quem quiser,
o marido e a mulher
não tinham qualquer contato.

À noite, perto da igreja,
na hora da encenação
da peça “Paixão de Cristo”,
se ajuntava a multidão.
Ali os jovens atores,
apesar de amadores,
nos enchiam de emoção.

Mas o Sábado de Aleluia
era do que eu mais gostava,
e o testamento do Judas
com meus tios preparava.
desde os  dez anos de idade
Eu mostrava habilidade,
Nos versos que elaborava.

O testamento era todo
Rimado e metrificado,
E o patrimônio de Judas
Assim era destinado
A todos ali presentes
Que recebiam contentes
a herança do finado.

Para um ficava a corda,
Para outro o dinheiro,
Para alguém suas sandálias,
O manto para um terceiro.
O povo se divertia
Enquanto se dividia
O seu patrimônio inteiro.

E a gente ainda usava 
sempre aquela ocasião
para fazer com os vizinhos
uma grande gozação,
relembrando apelidos
e fatos acontecidos
com os amigos de então.

Para o homem preguiçoso,
o Judas deixava a rede.
Para a mocinha faceira
um espelho na parede.
Se o cabra era cachaceiro,
cachaça pro ano inteiro,
para não morrer de sede.

E foi nesses testamentos
De Judas que fui fazendo
Que da métrica e da rima
Mais e mais fui aprendendo
A popular poesia
Dos cordéis que, hoje em dia,
Sigo em frente escrevendo.

3 comentários:

  1. Muito legal seu cordel, Parabéns!!!

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  2. Vejo que este homem
    Em fim serviu para algo
    Mesmo não sendo
    De bem nem um fidalgo
    Espero em mim contente
    Que continue neste batente

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  3. ESSA ARTE DE RIMAR
    DAR ASA A IMAGINAÇÃO
    PARABÉNS AO AUTOR
    PELA GRANDE NARRAÇÃO
    EU TAMBÉM SOU AMADOR
    FAÇO CORDEL POR AMOR
    E LEIO POR DIVERÇÃO

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