SEMANA SANTA NO “DE UM TUDO”
Recebi por esses dias o almanaque “De um Tudo” de março, que, dentre outras coisas, fala de mártires, de heróis e da Semana Santa, como bem destaca Audifax Rios, no editorial.
Neste último tema - Semana Santa - tive oportunidade de colaborar, dizendo em versos um pouco da importância de Judas Iscariotes na minha formação de cordelista.
Os versos, que ora compartilho, estão na coluna “Repentinadas”, junto a essa bela ilustração de Ricardo Vieira:
COMO JUDAS ME AJUDOU A CORDELIZAR
Marcos Mairton
Para mim, Semana Santa,
bem mais que religião,
Foi sempre como um costume,
uma grande tradição.
Ir à missa e à vigília
era encontro de família,
nunca foi obrigação.
Na quinta-feira maior,
tinha missa e romaria,
a minha avó jejuava
nesse dia não comia.
À noite era o “Lava-pés”.
Mais tarde, depois das dez,
a vigília se inicia.
Já a Sexta-Feira Santa,
era um dia de recato,
sem menino jogar bola
e sem mulher lavar prato.
Acredite quem quiser,
o marido e a mulher
não tinham qualquer contato.
À noite, perto da igreja,
na hora da encenação
da peça “Paixão de Cristo”,
se ajuntava a multidão.
Ali os jovens atores,
apesar de amadores,
nos enchiam de emoção.
Mas o Sábado de Aleluia
era do que eu mais gostava,
e o testamento do Judas
com meus tios preparava.
desde os dez anos de idade
Eu mostrava habilidade,
Nos versos que elaborava.
O testamento era todo
Rimado e metrificado,
E o patrimônio de Judas
Assim era destinado
A todos ali presentes
Que recebiam contentes
a herança do finado.
Para um ficava a corda,
Para outro o dinheiro,
Para alguém suas sandálias,
O manto para um terceiro.
O povo se divertia
Enquanto se dividia
O seu patrimônio inteiro.
E a gente ainda usava
sempre aquela ocasião
para fazer com os vizinhos
uma grande gozação,
relembrando apelidos
e fatos acontecidos
com os amigos de então.
Para o homem preguiçoso,
o Judas deixava a rede.
Para a mocinha faceira
um espelho na parede.
Se o cabra era cachaceiro,
cachaça pro ano inteiro,
para não morrer de sede.
E foi nesses testamentos
De Judas que fui fazendo
Que da métrica e da rima
Mais e mais fui aprendendo
A popular poesia
Dos cordéis que, hoje em dia,
Sigo em frente escrevendo.
Muito legal seu cordel, Parabéns!!!
ResponderExcluirVejo que este homem
ResponderExcluirEm fim serviu para algo
Mesmo não sendo
De bem nem um fidalgo
Espero em mim contente
Que continue neste batente
ESSA ARTE DE RIMAR
ResponderExcluirDAR ASA A IMAGINAÇÃO
PARABÉNS AO AUTOR
PELA GRANDE NARRAÇÃO
EU TAMBÉM SOU AMADOR
FAÇO CORDEL POR AMOR
E LEIO POR DIVERÇÃO