segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Décimas vindas de longe


Na quinta-feira antes do carnaval, postei sobre o desfile da Salgueiro, que abordaria a Literatura de Cordel, e recebi um comentário vindo do outro lado do mundo, do Japão.
E, vejam só que beleza:



Es una idea genial
por el bien de la cultura
que el cordel esté a la altura
del samba en el carnaval.
Por Globo Internacional
iré a Río de Janeiro
para observar a Salgueiro
con el cordel por compás
y así saber mucho más
sobre el pueblo brasileiro.


É isso mesmo. O comentário veio em versos, em décimas, para ser mais preciso, em "décimas espinelas", como explicaria depois o autor, Luis Bárcena Gimenez, peruano que vive em Osaka.
Pesquisei um pouco sobre Luis Bárcena e encontrei verdadeiro tesouro poético. Compartilho a seguir uma de suas obras:





CANTO A LATINOAMERICA

Yo le canto a Guatemala,
Colombia y El Salvador
con el más profundo amor
que mi corazón exhala.
Canto a Cuba que regala
su alegria con soneo,
a México que recreo
abrazado de Uruguay
y hablando con Paraguay
en un fraternal paseo.


Con mi canto no me achico
porque me alegra y consuela
ser de Chile o Venezuela
o nacido en Puerto Rico.
Canto con alma de "tico"
oriundo de Costa Rica,
cantando así se amplifica
mi semejanza latina
y por Brasil y Argentina
mi gozo se multiplica.


A nación Dominicana,
a Bolivia y Ecuador
va mi cantar en honor
a su estirpe americana.
Honro al Perú que se hermana
con amerindias culturas
y también canto a Honduras,
a Panamá y Nicaragua
de pie sobre el Aconcagua
¡nuestro rey de las alturas!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Depois do Carnaval...


E nesta Quarta-Feira de Cinzas, para pedir perdão pelos excessos do Carnaval e começar a Quaresma, nada como rezar um pouco...

PAI NOSSO EM CORDEL
Damião Metamorfose


Pai nosso que estais no céu,
Na terra, na água e no ar.
Santificado é seu nome,
Em tudo quanto é lugar.
Seja na paz ou na guerra
o que ligares na terra,
No céu também vai ligar.
*
Venha a nós o vosso reino,
Seja feita sua vontade.
Aqui na terra e nos céus,
Oh! Senhor Deus da bondade.
Ilumine os filhos seus
e guie esses passos meus,
no caminho da verdade.
*
Pão nosso de cada dia,
Nos dai sempre em abundância.
Perdoai nossos pecados
E nos livre da ganância.
Assim como perdoamos,
Se vos pedimos, louvamos,
Livres de toda arrogância.
*
Nos livre das tentações
e do mal, nos guie pro bem.
Porque teu é o poder,
O reino e a glória... Amém.


Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/1858130

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cordel e Baião no Carnaval


Enquanto a Salgueiro vai com o enredo Cordel para a Sapucaí, a Unidos da Tijuca fará homenagem a Luiz Gonzaga, Rei do Baião.
Dalinha Catunda se animou e fez sua homenagem em versos à Unidos da Tijuca e a Luiz Gonzaga.
É a mistura de Baião, Cordel e Carnaval!


GONZAGA O REI COROADO
Dalinha Catunda

*
Traz a Unidos da Tijuca
A grande celebração.
Na avenida coroado
 Será o rei do baião.
Nosso saudoso Gonzaga
Que segue com sua saga,
Encantando a multidão.
*
Luiz já é consagrado,
Pois reinar é seu destino
Encantou todo Brasil
Com o seu canto divino.
Recordar o Gonzagão
É mexer com o coração
Desta nação nordestina.
*
Quero ver o povo inteiro,
Fazendo sua louvação,
Homenageando Lua,
Luiz o rei do baião
Quero ver o sanfoneiro
Neste Rio de Janeiro
Em plena coroação.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cordel no Carnaval



OLHA O CORDEL AÍ, GENTE!!!

Neste carnaval, não podemos esquecer que a Escola de Samba Salgueiro levará o Cordel para o carnaval carioca.
Acho que vai ser um encontro interessante, esse do Cordel com o Samba.
Mas é melhor falar essas coisas em versos:






"Já chegou o carnaval!",
Canta o povo brasileiro.
E o Cordel vai ser assunto
lá no Rio de Janeiro.
Porque, neste carnaval,
Cordel é o tema central
Do desfile da Salgueiro!






Vai ter ala "Padim Ciço"
E Ala dos Violeiros,
Homenagem a Patativa
Ala dos bois mandingueiros.
Mostrando samba no pé
Passistas virão até
Vestidos de cangaceiros.






Esse encontro cultural
Vai chamar muita atenção,
Juntando Samba e Cordel
No meio da multidão.
Vai ser festa garantida
Se espalhando na avenida
Na maior animação.







Pois, se o Samba é popular,
O Cordel não fica atrás.
O Samba traz alegria,
Isso o Cordel também faz.
No carnaval, o Cordel
Cumprirá bem o papel
De falar de amor e paz.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cordel na Biblioteca Nacional



Prezados visitantes deste Mundo Cordel,

Recebi da colaboradora Dalinha Catunda e repasso a vocês a seguinte e importante mensagem:

Amigos e parceiros,

Estou repassando a mensagem de Daniele Del Giudice, chefe do Depósito Legal que tem se empenhado em divulgar a campanha a qual os cordelistas são convidados a doarem seus cordéis para fazer parte do acervo da Biblioteca Nacional.

Se hoje a Biblioteca Nacional ainda tem um tímido acervo referente à Literatura de Cordel, cabe a nós cordelistas, abraçarmos esta campanha e cooperarmos para que possamos ter um grande e variado estoque de cordéis ocupando com significância as prateleiras do Depósito legal.
(Nota do blog: Cordel de Saia; Texto de Dalinha Catunda)

Segue a mensagem de Daniele Del Giudice

Prezados,A Fundação Biblioteca Nacional realiza a Campanha Literatura de Cordel na BN, visando à construção de um acervo de cordéis na Instituição que, embora responsável pela coleta, pela guarda e pela difusão da Cultura Nacional, ainda não possui acervo representativo da produção brasileira deste gênero literário.

Contamos com a colaboração de cordelistas de todo o país, para que a Coleção Memória Nacional tenha a participação de autores da nossa literatura, e que abrigue, perenemente, a produção cultural de nossa nação. Para tanto, basta enviar no mínimo 01 exemplar de cada obra ao endereço abaixo, juntamente com um e-mail, para que possamos remeter-lhe um agradecimento eletrônico:

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL - DEPÓSITO LEGALAv. Rio Branco, 219 / 3and.  Centro20040-008 Rio de Janeiro/RJA/C: Daniele Del Giudice

Para maiores informações:
(21)2220-1892/3095-3950/3095-3951
ddl@bn.br
www.bn.br/depositolegal


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Poesia de Marcos Mairton


ESTACIONAMENTO DE CARROÇA
Marcos Mairton
 
Nas cidades é normal
Haver sinalização,
Para que o trânsito tenha
Alguma organização.
Assim, placas e sinais
Vão indicando os locais
Por onde se deve andar,
Dizendo o que é proibido
E até onde é permitido
Nosso carro estacionar.

Mesmo no estacionamento,
As regras estão presentes,
Como as vagas dos idosos
E as dos deficientes.
É bom para a sociedade
Ter essa prioridade
Sendo sempre respeitada,
E que, em placas ou no chão,
Toda sinalização
Seja bem observada.

Mas achei, em Quixadá,
Bem no centro da cidade,
Uma placa que atiçou
Minha curiosidade.
Aquela placa indica
Que o lugar onde ela fica,
É um estacionamento.
Mas é todo reservado
Ao veículo puxado
Por um burro ou um jumento.

Não se pode estacionar
Nem carro nem bicicleta,
Nem van e nem caminhão
Tampouco motocicleta.
Até transporte escolar
Que precise estacionar,
Por ali talvez não possa,
Pois está determinado
Que o lugar foi reservado
Para estacionar carroça.

Esses versos não pretendem
Dizer que isso está errado.
Simplesmente observei
E achei muito engraçado
Que, apesar de, hoje em dia,
Tanta tecnologia
Influir em nossa vida,
Um espaço ainda existe
Onde a carroça resiste
Com sua vaga garantida.




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Seminário no Crato


Enquanto isso, por todo este fim semana, no Crato...



SEMINÁRIO DO VERSO POPULAR

A Academia dos Cordelistas do Crato realiza o 3º Seminário do Verso Popular por ocasião das comemorações de seus 21 anos de luta na defesa do cordel. 
O objetivo do evento é fazer uma avaliação das perdas e ganhos do cordel em duas décadas. Analisar a conjuntura atual e as tendências para o futuro. Saber que mudanças têm ocorrido com os poetas, xilógrafos e seus públicos. Entender melhor a contribuição do cordel para outras manifestações artísticas como a música, as artes cênicas, a pintura, a dança, etc. Analisar como o cordel vem sendo cobrado em vestibulares e outros concursos públicos. Discutir os direitos autorais dos cordelistas, bem como a lei que reconhece a categoria. Debater os editais e outras fontes de financiamento do cordel. Preparar a ACC para lidar com as mídias alternativas e para interagir com as redes sociais.

Programação

1º Dia
  14:00 h – Credenciamento
  15:00 h – Abertura da exposição Academia dos Cordelistas do Crato 21 anos de luta em defesa do verso popular
  16:00 h – Abertura da Feira da cultura popular
  18:00 h – Abertura do Seminário: Retrospectiva da luta da Academia dos Cordelistas do Crato:
  Aspectos históricos da ACC
  Contribuições da ACC para a cultura regional
  Fazendo escola: a ACC formando leitores e revelando talentos
  Diálogos da ACC com pesquisadores, poetas e entidades congêneres
  Homenagem aos companheiros falecidos
  História da gráfica “Coisas do meu Sertão”
  A produção xilográfica da Academia
  A contribuição da ACC para a educação ambiental;
  A ACC e o ICC;
  A ACC e o ICVC.
  20:00 h – Sessão de lançamento de cordéis
  21:00 h – Show artístico da família do verso popular


2º Dia
  08:00 h – Oficinas e mini-cursos
  Oficina de cordel
  Oficina de xilogravura
  Mini-curso direito autoral no mundo do cordel
  Mini-curso elaboração de projetos culturais
  08:00 h – Feira da cultura popular (continuação)
  08:00 h – Exposição Academia dos Cordelistas do Crato 21 anos de luta em defesa do verso popular (continuação)
  11:00 h – Mesa redonda: o cordel frente à indústria cultural.
  14:00 h – Painel: a família do verso popular e a regulamentação profissional – o que muda?
  15:00 h – Apresentação de trabalhos científicos (pôsteres)
  15:30 h – Sessão de vídeo
  16:00 h – Mesa redonda: o cordel e as redes sociais
  18:30 h – Mesa redonda: Como a arte popular pode concorrer com a arte erudita na captação de recursos?
  19:30 h – Painel: As complexas interrelações entre cordel e educação. 20:30 h – Debate: Tendências do cordel para a próxima década.
  21:30 h – Show artístico da família do verso popular: 




3º Dia
  08:00 h – Oficinas e mini-cursos
  Oficina de cordel 
  Oficina de xilogravura
  Mini-curso direito autoral no mundo do cordel
  Mini-curso elaboração de projetos culturais


  08:00 h – Feira da cultura popular (continuação)
  08:00 h – Exposição Academia dos Cordelistas do Crato 20 anos de luta em defesa do verso popular (continuação)
  11:00 h – Mesa redonda: Estado da arte dos programas de rádio e televisão que atuam no segmento do verso popular. 14:00 h – Painel: o mercado do cordel e da xilogravura no Brasil 15:00 h – Apresentação de trabalhos científicos (comunicações orais);
  15:30 h – Sessão de vídeo
  16:00 h – Mesa redonda: Análise da produção de cordel no Brasil na 1ª década do século 21. 19:00 h – Conferência: Programa Livro de graça na praça, uma experiência de sucesso. Prof. José Mauro (Belo Horizonte)
  20:00 h – Sessão de encerramento
  21:00 h – Show artístico da família do verso popular:, 
Informações e Inscrições:
Envie a ficha de inscrição devidamente preenchida para o e-mail: 
iiiseminariodoversopopular@gmail.com.




Tornaram possível este evento:


- Ministério da Cultura. Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel
- Academia dos Cordelistas do Crato
- Sesc - Crato

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Poesia de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda é uma grande colabora deste Mundo Cordel, sempre enviando seus versos para compartilhar com os leitores que por aqui aparecem. 

Embora vivendo há tempos no Rio de Janeiro, sempre usa sua poesia para retratar as coisas, os costumes e as pessoas do sertão nordestino, especialmente do Ceará, sua terra natal, como faz hoje, com a poesia, a qual, aliás, veio acompanhada de foto tirada em Ipueiras.

Obrigado, Dalinha, por colaborar com este Mundo Cordel e por tudo o que faz pela difusão e reconhecimento da Literatura do Cordel!


ANDANDO PELO SERTÃO
Dalinha Catunda

Eu voltei ao Ceará
Fui rever o meu rincão.
Passeei pelas caatingas
Pisei com gosto em meu chão
Coloquei o meu chapéu
O sol ardia no céu
No calor do meu sertão
*
Subi no pé de caju
Como fazia em menina.
Peguei no pé de angico
Um pouquinho de resina
Abracei carnaubeira
A conhecida palmeira
Desta terra alencarina.
*
No caneco de alumínio
Água de pote bebi.
Tinha pedras no caminho
Em cima duma subi
Fiz uma farra danada
Andando pela estrada
Da terra em que eu nasci.
*
O tempo passou bem rápido,
Achei que passou ligeiro,
Pois já estou novamente
É no Rio de Janeiro!
Terra de são Sebastião
Distante do meu sertão
Ô destino aventureiro!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Decassílabos de Pedro Ernesto Filho




Esses decassílabos do poeta Pedro Ernesto Filho também chegaram à minha caixa de e-mails poucos dias depois da publicação da matéria assinada por Alex Pimentel no Diário do Nordeste de 29.01.2012.
Foi mais uma grande alegria para mim. Pedro Ernesto foi meu colega como advogado do Banco do Nordeste, cargo que ocupei de setembro 1995 a janeiro 1998. 
Enquanto eu ficava em Fortaleza, o poeta trabalhava no Núcleo Jurídico de Juazeiro do Norte, responsável por todo o Cariri cearense.
Naquele tempo, ele já fazia belíssimas glosas aos mais variados motes e publicava em folhetos, eu apenas lia ou escrevia para amigos e familiares. 
Hoje, posso dizer que somos colegas de poesia e fico muito feliz de ter suas glosas neste Mundo Cordel.
Para saber mais sobre Pedro Ernesto Filho e admirar mais de sua poesia, visite o seu site, que traz no título o mote "A vida é flor com espinho, nem todos sabem pegar".


SE EU NASCESSE DE NOVO PEDIRIA
PRA VIVER NO PAÍS DA CONSCIÊNCIA
Mote em decassílabo glosado por
Pedro Ernesto Filho


Onde a flor exarasse mais perfume,
onde a planta o ar puro respirasse,
a disputa infiel não prosperasse,
perdoar fosse o dom do bom costume,
o amor não murchasse com ciúme,
arrogância perdesse a existência
onde o pássaro exibisse a inocência
sem das armas temer à pontaria
- Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde a força da paz esteja antes
do que a mágoa de um povo entre em atrito,
e as ações criminosas de um mosquito
não superem a missão dos governantes,
entre si, sejam os homens vigilantes
combatendo o rigor da violência,
e o valor destinado à previdência
não engorde o padrão de quem desvia
- Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o homem não volte sem a feira,
a mãe pobre, de parto, não faleça,
o machado sisudo reconheça
que seu cabo possante é de madeira,
onde as cores históricas da bandeira
sejam vistas com alma e incumbência,
e a política, no todo, uma ciência
de capricho, vergonha e harmonia,
- Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Seja o jovem o raiar da esperança
e os poderes se sintam mais unidos,
os impostos nos sejam devolvidos
em escola, saúde e segurança,
a justiça conserve na balança
nível, ética, razão e procedência;
e os poetas frustrados, com decência,
reconheçam que os outros têm poesia
- Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde a fauna liberta possa estar
e onde a flora não sofra ataque errôneo,
a Igreja divida o patrimônio
como diz nos discursos do altar,
a disputa na hora de votar
aconteça sem ódio e renitência,
onde o povo exercite a preferência
sem suborno, agressão nem baixaria
- Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o preso não use das escutas
para ornar o comando dos ativos,
não existam cartões corporativos
ensejando desvios de condutas,
hajam mais igualdades nas disputas,
otimismo aconteçam com freqüência,
os ministros demonstrem transparência
sem engodo, façanha ou fantasia,
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o povo conquiste o seu direito
e a imprensa detenha a liberdade,
concorrente demonstre lealdade
sem sentir seu rival como suspeito,
entre filhos e pais haja respeito,
nos casais reine a paz na convivência,
e no rol da infância e adolescência
não se fale na droga nem orgia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde a Bíblia Sagrada seja lida,
o direito autoral reconquistado,
tenha o jovem um emprego assegurado,
seja a renda melhor distribuída,
onde o médico não seja um homicida
por agir com descuido e negligência,
que a justiça use a mesma inteligência
para o jogo do bicho e loteria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde os homens se entendam e se organizem
ensejando amor, paz e liberdade,
nos negócios não falte a igualdade
e os costumes legais se realizem,
as janelas, de grades, não precisem,
e se distingam cadeia e residência,
o poder determine providência
inibindo o sensor da ousadia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o índio exercite o seu direito,
os costumes dos outros, respeitados,
o patrão valorize os empregados,
não exista racismo ou preconceito,
onde o homem depois de ser eleito
não renegue a seu povo a assistência,
entre as classes perdure a coerência
e a Nação cumpra tudo o que anuncia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde reine humildade e mais sossego
e a palavra ao ser dita permaneça,
crime bárbaro e cruel não aconteça,
não se fraude o seguro desemprego,
a criança não perca o aconchego
e seja isto da lei uma exigência,
professores preservem a sapiência
ensinando fazer democracia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde àquele que queira trabalhar
nunca falte na lida o que fazer,
quem faz pão tenha o pão para comer;
quem faz casa, uma casa pra morar,
onde a vida não custe um celular
e a traição não impere a resistência,
a justiça não sofra a influência
do fuzil, do dinheiro ou da chefia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde a terra só seja disputada
por aqueles que queiram trabalhar;
o pirata, inibido de imitar;
e a indústria transgênica, rotulada;
a miséria se sinta amordaçada
pelos laços fiéis da diligência,
seja um livro o mandão da preferência,
tenha o pobre remédio e moradia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde a lei seja pura e respeitada,
não se tire proveito das mazelas,
não se jogue um menor pelas janelas
e a doméstica não seja apedrejada,
do mendigo que dorme na calçada
não se faça fogueira sem clemência,
magistrado com sua prepotência
não dispare uma arma no vigia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Da polícia se expulsem os marginais
e os apelos não entrem no sucesso,
onde os túneis não sirvam de acesso
às agências bancárias federais,
não se veja nas portas de hospitais
paciente morrer sem paciência,
testemunha não minta em audiência
protegendo do crime a autoria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Nas escolas por rico freqüentadas
favelado também se matricule,
nota falsa em comércio não circule,
as ações desonestas, rejeitadas;
as notícias benéficas, divulgadas,
CPI não padeça inconseqüência,
quem a arma entregou por aderência
do governo receba garantia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o juro não seja especulante
não se apele às ações da moratória,
não se faça medida provisória
todo mês, todo dia e todo instante,
gasto público não seja horripilante,
não se fale em propina e truculência,
não se oculte uma boa antecedência
e haja lei pra punir pedofilia
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.


Onde o leite é vendido sem mistura,
boa marca mereça confiança,
candidato não aja com lambança
e a poesia transite sem censura,
não se louvem as ações da ditadura
num regime que ancora a presidência,
as fronteiras combatam entorpecência
carnaval ceda espaço à cantoria
-Se eu nascesse de novo pediria
pra viver no país da consciência.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CORDEL NO DN: REPERCUSSÃO



Congratulações do Centro Cultural de Cordelistas do Nordeste - CECORDEL

A matéria que saiu no último domingo, no Diário do Nordeste, me rendeu várias manifestações de apoio e congratulações.

Tem algumas, em versos, que preciso mostrar aos leitores deste Mundo Cordel.

Esse tipo de manifestação me da uma alegria muito grande para permanecer apenas comigo.

Vou começar com o e-mail recebido do Centro Cultural de Cordelistas do Nordeste - CECORDEL - assinado por PPardal e Guaipuan Vieira. Este, aliás, talvez ainda não soubesse, mas já havia sido publicado cordel seu por aqui.

Segue o e-mail:

Ilmº Snr. Dr. Juiz juiz Marcos Mairton,

Nossos Parabéns:

Ter um juiz de direito
nas fileiras do cordel                                      
é ato de menestrel
que por Bragi foi eleito;
Assim preserva o conceito
de poeta popular
e com a rima exemplar
de meu povo tem aval
é mais um intelectual
que o cordel vem abraçar.

Guaipuan Vieira
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Cordel é poesia discreta
Que na mente do poeta
Deixa gravado o seu jeito.
Não estranhe minha gente
Se cordel sair da mente
De um juiz de direito!

Parabéns para o juiz
Que através do cordel diz
Que sabe fazer poesia.
Nós cordelistas dizemos
O quanto orgulho teremos
Se o conhecermos um dia.
 PPardal

Site: www.cecordel.com.br

Desde 1987 publicando e divulgando a literatura de cordel 

Atenciosamente,

Guaipuan Vieira