domingo, 16 de dezembro de 2012

Livro de Eduardo Macedo




O BOI MORRE-NÃO-MORRE

Eu havia chegado de viagem, quando vi na correspondência acumulada da semana um envelope amarelo que se destacava das malas diretas de final de ano e dos boletos bancários. Não só pelo peso e volume, mas principalmente por que meu nome e endereço estavam escritos à mão, e não em uma etiqueta impressa em série.

Era um livro. Um livro pequeno, com as dimensões de um folheto de cordel, exceto no que se refere ao número de páginas, cento e vinte ao todo. O conteúdo também era em cordel. Abri-o aleatoriamente e logo vi as setilhas. 

Não havia lido uma página sequer, ouvi o telefone tocar. Deixei o livro ali mesmo, sobre a mesinha da sala e fui atender. Antes, olhei o remetente, dobrei o envelope e o enfiei entre as páginas do livro. “Quando lançar o meu próximo livro, retribuirei a gentileza do autor” – pensei.

Vida louca, essa do século XXI. Só hoje, quase uma semana depois, abri o livro novamente.

Quatro folhetos de cordel foram reunidos nele. Detive-me no primeiro, que dá título ao livro: “O Boi Morre-não morre”. Apropriada leitura para um domingo no qual algumas nuvens cinzentas pairam sobre o céu de Fortaleza, trazendo a esperança de que alguma chuva caia sobre o meu Ceará, ainda neste mês de dezembro. 

E que bom seria se chovesse mesmo, não apenas em dezembro, mas por toda a chamada quadra invernosa de 2013. A seca está malvada por aqui. Li recentemente em um jornal que desde 1950 não havia uma dessas.

E, por mais que poetas como Eduardo Macedo façam o milagre de transformar em poesia o sofrimento causado pela seca no sertão, é sempre dolorido ler versos como os que abrem o a história do Boi Morre-não-morre:

Queima, o sol, a sua brasa de matar.
Oprimindo, inclemente, causticante.
Sua espada de brilho rutilante
Golpeando, letal, a castigar.
Vendo a vida na terra evaporar,
O Boi, magro de fome e de esperança,
Sem ter vestígio d’água na lembrança,
Resolveu sua fuga empreender,
A fim de resgatar sua sustança.

Era um couro engelhado, era uma ossada,
Desidratado espécime de rês
Duma seca que já durava três
Anos sem ter sede saciada.
Olhos foscos na cara descarnada,
Chifres (chumbo?) na cabeça pendente,
Na bocarra esticada cada dente
Simulava um sorriso desgraçado – 
Era o Boi renegando o triste fado,
Sem se entregar à morte, renitente.

Que bom seria, meu caro Eduardo, se nos próximos meses a inspiração chegasse a você por meio de grossos pingos de chuva caindo sobre a terra seca do sertão, enchendo os leitos dos rios e pintando de verde a caatinga!

Grato pelo livro que me presenteaste, envio-lhe o meu abraço e votos de sucesso!

Para saber mais sobre a obra de Eduardo Macedo, visite eduardomacedo.com.br.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Poesia de Dalinha Catunda


A DERROTA DO VAQUEIRO
Dalinha Catunda

*
Jurei que não te queria,
Era mais pura invenção
No íntimo só eu sabia
O tamanho da paixão
Foi duro fugir do laço
Lançado por tua mão.
*
Com certeza eu já sabia
Qual seria meu papel
De laçada a dominada.
No começo flor e mel
E mais uma que montava
Na sela do teu corcel.
*
Eu não caí em teu laço,
Nessa tal competição.
Pois nem sempre o vaqueiro
Derruba uma rês no chão.
Tem rês tinhosa e arisca
Que derruba o campeão.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mote e glosas


DÁ CERTO COM MUITA GENTE,
MAS NÃO DEU CERTO COMIGO.

Eu já disse aqui, muitas vezes, que tenho a felicidade de colaborar para o Jornal da Besta Fubana, que é um dos blogs de maior riqueza cultural que já vi na Internet.

Tudo quanto é assunto que a gente trata ali, aparece gente que entende e dá opinião abalizada, principalmente quando o tema é cultura. Na área da poesia, por exemplo, basta a gente dar o mote, que as glosas brotam em profusão. 

Outro dia experimentei o seguinte: Dá certo com muita gente, Mas não deu certo comigo. 

Para estimular, apresentei logo algumas estrofes prontas:

Procuro aqui glosadores, 
para um mote elaborado 
para quem foi derrotado 
onde há muitos vencedores. 
No comércio ou nos amores 
há sucesso e há perigo. 
Na poesia eu lhes digo 
que cantoria e repente, 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Me saio bem em rimar 
e de métrica eu entendo 
os meus versos vou fazendo, 
mas não sei improvisar. 
Viola não sei tocar, 
já tentei e não consigo. 
Meu desejo é muito antigo, 
mas, viola, infelizmente, 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

O comércio eu já tentei, 
mas compliquei minha vida, 
muita dívida vencida 
foi o que eu acumulei. 
Ainda hoje não sei 
a razão desse castigo. 
Comentei com um amigo: 
Comércio, por mais que eu tente, 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Futebol é um esporte 
que é paixão do brasileiro. 
Inventei de ser goleiro, 
mas, não tive muita sorte. 
Uma bola bateu forte 
abaixo do meu umbigo. 
Pra não correr mais perigo, 
do futebol ando ausente. 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Não precisou esperar muito para começarem a chegar os comentários em versos. As glosas dos fubânicos ao mote. Seguem alguns que destaquei:

Cardeal Huytamar Diz: 22 outubro 2012 às 17:42 
como sou um abestado 
deixo aqui o meu repente 
atiro pra todo lado 
em culpado e inocente 
acerto até o magistrado 
Mas escapo do castigo 
pedindo vênia ao amigo 
que é poeta mais decente 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Madre Superiora Dalinha Diz: 22 outubro 2012 às 19:46 
Eu resolvi beber cana 
Mas não tinha vocação, 
Bebendo caí no chão 
Levei vaia de sacana 
Acabei a minha grana 
Até hoje me maldigo, 
Este caminho não sigo 
Não quero mais aguardente 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Madre Superiora Glória Braga Horta Diz: 22 outubro 2012 às 20:24 
Fui colocar silicone 
para arrebitar a bunda, 
queria virar Raimunda 
e provocar mais paixão 
ao meu marido gatão… 
Mas, gente, quanto castigo: 
bunda grande é um perigo 
com tanta marca de dente! 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Bispo Fred Monteiro Diz: 22 outubro 2012 às 21:02 
Um dia bacharelei-me 
e fui ser Advogado 
estudei feito um danado 
e Procurador tornei-me 
e por muito que eu teime 
Ser Juiz eu não consigo 
igualar-me ao meu amigo 
Magistrado inteligente 
Dá certo com muita gente, 
Mas não deu certo comigo. 

Rosário Pinto Diz: 23 outubro 2012 às 12:00 
Resolvi me apaixonar. 
Brasíla, super bacana, 
Não era Copacabana. 
Para lá fui trabalhar, 
Amando aquele lugar. 
Mas chegou o inimigo, 
Só pelo ódio movido. 
Era Collor presidente 
Deu certo pra muita gente 
Só não deu certo comigo 

Bispo Fred Monteiro Diz: 23 outubro 2012 às 12:07 
Amigo Mairton: Extrapolei as regras e botei mais um verso em cada estrofe aí em riba. De qualquer maneira, vou consertar a besteira motivada pelo açodamento. Cheguei ainda agora da corrida e vi a falha. Vou tentar remendá-la, muito embora “quod abundat no nocet”, né mesmo, Excelência? 
*** 
Minha veia musical 
começou aos oito anos 
o realejo e muitos planos 
de ser músico, afinal 
fui seguindo este caudal 
tive na música abrigo 
pois meus sonhos eu persigo 
fui no rumo da torrente 
Dá certo com muita gente, 
tem dado certo certo comigo. 
*** 
E assim fiz faculdade 
pra poder ganhar o pão 
música só não dá, não 
é uma fatalidade 
mas, enfim, na meia idade 
de compor não me fatigo 
tenho música no umbigo 
voltei pra minha corrente 
Dá certo com muita gente, 
tem dado certo comigo 

Cardeal Huytamar Diz: 23 outubro 2012 às 14:13 
RETIFICANDO: 
Não querendo ser ingrato 
agradeço ao proponente 
pelo mote que maltrato 
sou noviço no repente 
mas Cardeal no bom trato 
quem sabe um dia meu amigo 
da poesia veja o umbigo 
e meu verso se apresente 
“Deu certo com muita gente 
e dará certo comigo.”

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Uma sede para a Academia Quixadaense de Letras


Quase que eu passo batido por uma notícia importante que circulou na semana passada. É que, mal foi constituída a Academia Quixadaense de Letras (27.10.2012), logo recebeu em doação um imóvel para sua sede.

O imóvel, no caso, é a centenária Estação Ferroviária de Quixadá. Alex Pimentel, do Diário do Nordeste contou a história completa no Diário do Nordeste.

O movimento literário no Sertão Central fortalece atuação com mais uma entidade de escritores da região

Quixadá Fundada na data do aniversário de Quixadá, no último sábado, a Academia Quixadaense de Letras (AQL) começa suas atividades com mais uma importante conquista para os amantes da cultura deste município do Sertão Central. Conforme seu presidente, o escritor João Eudes Costa, além da posse de seus 20 membros, a Academia ganhou uma sede própria. Os imortais se reunirão na antiga Estação Ferroviária, em uma área nobre da cidade, onde também está situado o Museu Histórico Jacinto de Sousa.

Com 121 anos de fundação, a antiga estação ferroviária estava ameaçada de demolição. Na época, a sociedade civil organizada promoveu movimento para preservar o prédio, que será restaurado 
FOTO: ALEX PIMENTEL

Mas enquanto a Estação não é restaurada, os encontros serão realizados no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), na noite do último sábado de cada mês. De acordo com a coordenadora da AQL, Angela Borges, o prédio, considerado histórico, foi conquistado pela Associação dos Filhos e Amigos de Quixadá (Afaq), e cedido em regime de comodato por 20 anos, por meio de termo firmado com a CFN Transnordestina. "A atual presidente da Afaq, Deyse Façanha, comandou as negociações diretamente com a representante da empresa de transportes ferroviários, Marilia Dalva", explicou Angela. "As chaves do prédio já foram entregues", disse.

Para o presidente da AQL, além de propiciar um espaço cultural muito especial para reuniões de cunho literário e linguístico, o esforço da Afaq comungado à decisão da CFN Transnordestina chega como um alívio para a preservação dos monumentos históricos de Quixadá.

A estação com 121 anos de existência, inaugurada aos 7 de setembro de 1891, estava ameaçada de ser demolida, como ocorreu com a Casa do Agente, em abril de 2008. Na época, a sociedade civil, professores e alunos da Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central participaram de uma mobilização com o objetivo de sensibilizar as autoridades. A luta não foi em vão.

Agora, a AQL pretende restaurar a velha Estação, durante anos principal ponto de encontro da cidade e de desembarque de visitantes ilustres como o presidente Getúlio Vargas. Em 1933, ele desembarcou com sua comitiva em Quixadá, numa visita especial.

Além da concessão do prédio histórico, a CFN Transnordestina doou um vagão para a Academia. Também será restaurado e transformado em um espaço de leitura, encontros e exposições. Os escritores pretendem concluir a restauração em seis meses. "Agora será a vez dos Imortais de Quixadá e da nossa sociedade embarcarem no mundo literário, numa viagem ao nosso passado. O primeiro passo foi dado, no auditório da Cúria Diocesana, no último sábado.

domingo, 11 de novembro de 2012

IMEPH na Bienal do Ceará



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Lançamento de Livro





Você que vai à Bienal Internacional do Livro do Ceará, uma sugestão é aproveitar para ver o lançamento do livro O BOI MORRE-NÃO-MORRE E OS PRIMEIROS FOLHETOS, de Eduardo Macêdo.

Aliás, Eduardo Macêdo está como novo endereço eletrônico: http://eduardomacedo.com.br/

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Poesia de Fabiano Timbó Barbosa

Fabiano Timbó Barbosa nos envia mais uma de sua colaborações, desta vez falando do guaraná, frutinha amazônica que ganhou o mundo nos últimos anos e já foi motivo de cordel do grande Rouxinol do Rinaré, que escreveu "A origem do guaraná" (Editora Conhecimento, 2010). Quando tema é bom é assim, cada poeta conta a história do seu jeito.

Fabiano, receba meu incentivo para continuar escrevendo seus versos. Um grande abraço!


A LENDA DO GUARANÁ
Fabiano Timbó Barbosa

Um belo casal de índios 
De forte tribo Manués
Viviam na paz e amor
Dia todo nos cafunés
Só um defeito tinham
Por mais que eles queriam
Ficavam no arrastapés.

Um dia estes ameríndios
Pediram ao seu deus Tupã
Uma linda criança
Para alegrar a manhã
O dia, tarde e noite
Não levaria açoite
Da tribo era o talismã.

O menino ficou lindo
Crescido, bom e amoroso
Chamava até atenção
Por ser tão maravilhoso,
Mas quando mal aparece
O firmamento estremece
Com Jurupari invejoso.

Este diabo mal fazejo
Resolveu o índio matar
Aquela pobre criança
Sem um sinal demonstrar
Transformou-se numa cobra
Escondeu-se como corda
Pra aquela criança calar.

Jurupari esperou
A criança apareceu
Caminhando no mato
Não viu quem lhe mordeu
Esmoreceu e ali caiu
Agonizando grunhiu
Sem muito sofrer morreu.

Deus Tupã enfurecido
Começou trovões soltar 
Relâmpagos na aldeia
Todos a desesperar
A mãe logo percebeu
A mensagem de seu deus
E foi logo revelar.

Ordenou a aldeia de índios
Que eles fossem a orta plantar
Olhos daquele menino
Para esperar enraizar
Assim eles procederam
Daqueles olhos nasceram
Poderoso guaraná.

O guaraná é uma planta
Forte e bem poderosa
A mulher gosta de usar
Para ficar preciosa
O homem fica vistoso
Forte muito poderoso
Mesmo sendo amargosa.

Esta é a lenda que nos conta
O poder do guaraná
Todo mundo conhece
E usa para trabalhar
Aquele que desconhece
Fraco e manso envelhece
Sem do pó experimentar.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Participação dos leitores

Participações dos leitores continuam chegando a este Mundo Cordel.
E é sempre um prazer publicá-las.
Às vezes demora um pouco, porque tem outras coisas na fila, ou falta tempo para arrumar a postagem. Mas, uma hora sai.
Quem tiver versos prontos, não desanime!
Desta vez os versos são de DEMPARASO/ADÃO SALINA, em comentário recebido em 26.09.2012, na postagem Evento Cultural em Brasília.



DF capital federal
A cidade planaltina
Arquitetura modelo
Pura visão cristalina
Com avenidas bem largas
Encanta a peregrina.

Ruas, sem nome, ou números
Para o visitante um;
Problema, mas, agradável
Pouco transito comum
Motoristas educados
Pedestre é incomum.

Em Brasília há violência
Como em qualquer metrópole
Progresso tem destas coisas
Evolução, mas necrópole
Pobreza idem urbanizada
Logo vira megalópole.

domingo, 28 de outubro de 2012

Academia Quixadaense de Letras




OS IMORTAIS DA 
TERRA DOS MONÓLITOS

Ontem, 27 de outubro de 2012, data na qual a cidade de Quixadá completou 142 anos, um grupo de apaixonados pelo conhecimento e pela cultura, especialmente pela literatura, participou de um ato solene que há de repercutir por muitos e muitos anos: foi fundada a Academia Quixadaense de Letras.

Foram vinte os acadêmicos fundadores que receberam o título de imortais.

Aliás, foram não, fomos, porque, após a alegria de ser acolhido por Quixadá - tendo sido agraciado com o título de cidadão quixadaense, em julho deste ano - participei dessa iniciativa tão importante em prol do enriquecimento cultural da Terra dos Monólitos,tornando-me também um imortal.


E foi uma bela festa, com a presença de representantes das academias de letras de Salvador-BA, Lavras da Mangabeira-CE e dos municípios do Estado do Ceará. Autoridades, empresários e muita gente interessada em cultura, lotando os mais de trezentos lugares do auditório da Cúria Diocesana.

O sucesso do evento é um sinal de que existem muitas pessoas interessadas em cultura no sertão central do Ceará. O que é preciso são iniciativas que rompam com a mesmice da massificação cultural, proporcionando às pessoas, especialmente aos jovens, oportunidade de manter contato com manifestações efetivamente artísticas, no campo da literatura, da música e de tantas formas de expressão.

Acredito que trabalhar para isso é um dos grandes desafios da Academia Quixadaense de Letras.

Mas, pensarei nisso a partir de amanhã. Hoje quero aproveitar a sensação prazerosa de ter ajudado a criá-la.

Não posso encerrar sem parabenizar e agradecer a três pessoas que foram fundamentais para que a Academia Quixadaense de Letras seja uma realidade: João Eudes Costa, nosso presidente; além de Ângela Costa e Wanderley Barbosa, que não são acadêmicos, mas tiveram participação decisiva desde o princípio. Esse detalhe, de não serem acadêmicos engrandece ainda mais a sua dedicação à causa. 

Segue a lista dos vinte imortais:


Relação dos acadêmicos e seus respectivos patronos e patronesses:

Cadeira n° 1 
Bruna Borges Costa
Patronesse- Rachel de Queiroz

Cadeira n° 2 
Francisco Carlos Carvalho da Silva
Patrono- Aderaldo Ferreira de Araújo

Cadeira n°3 - 
Jose Nilson Ferreira Gomes Filho
Patrono- Alberto Porfírio

Cadeira n° 4 – 
Adail Bessa de Queiroz
Patrono – Esperidião de Queiroz

Cadeira n° 5 - 
Elisângela Martins da Silva Cruz
Patrono – Eusébio de Sousa

Cadeira n° 6 –
Maria Angélica Nogueira Bezerra
Patrono – Francisco Maurício de Góes Holanda

Cadeira n° 7 – 
João Xavier de Holanda
Patrono – Jáder Moreira de Carvalho

Cadeira n° 8 – 
Antônio Clébio Viriato Ribeiro
Patrono – José Limeira

Cadeira n° 9 – 
Maria das Graças Ferreira Lima
Patrono – José Bonifácio de Sousa

Cadeira n° 10-
Gilnei Neves Nepomuceno
Patrono – Luciano Barreira

Cadeira n° 11- 
Maria Zeneida Costa
Patrono – Pedro Segundo da Costa

Cadeira n° 12- 
Francisco Jardes Nobre de Araújo
Patrono -Miguel Benedito Peixoto

Cadeira n° 13- 
João Eudes Cavalcante Costa
Patrono- Moacir Costa Lopes

Cadeira n° 14- 
Marcos Mairton da Silva
Patrono – Álvaro de Góes Holanda

Cadeira n° 15 – Manoel Dias da Fonseca Neto
Patronesse- Maria Rocilda Ferreira Fonseca

Cadeira n° 16 – 
Sebastião Diógenes Pinheiro
Patrono – José Maria Moreira Campos

Cadeira n° 17 – 
José Anízio de Araújo
Patrono- Jaime Evangelista de Araújo

Cadeira n° 18 – 
Lúcio Gonçalo de Alcântara
Patrono- Manuel de Oliveira Paiva

Cadeira n° 19 -
Ana Carolina de Holanda Pavão Santana
Patrono- Celso Serra Azul

Cadeira n° 20 – 
Antonio Weimar Gomes dos Santos
Patrono- Patativa do Assaré


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poesia de Dalinha Catunda



Hoje é 25 de outubro, aniversário da cidade de Ipueiras, no Ceará. Terra onde nasceu Dalinha Catunda, poeta que vive nos brindando com seus versos cheios de emoção e verdade.

Hoje, não poderia ser diferente. Apesar de viver longe de Ipueiras, Dalinha não esquece a sua terra, como se vê dos versos que ela enviou hoje a este Mundo Cordel.


MINHA ETERNA IPUEIRAS
Dalinha Catunda
*
Cento e vinte nove anos,
Faz minha terra querida
Onde vivi os encantos
De boa parte da vida
Tenho orgulho do meu chão
Do meu pequeno sertão
E disso nem Deus duvida.
*
Hoje mais bela que nunca,
Ipueiras me fascina,
Está bem desenvolvida
Já deixou de ser menina
É uma senhora cidade
Renovada a cada idade
Do progresso é oficina.
*
Ipueiras dos poetas
Que nasceram neste chão,
Jeremias, costa Matos,
Gerardo Mello Mourão,
Bardos da minha cidade
Pra minha felicidade
A fonte de inspiração.
*
Esta terra centenária
Tem história pra contar,
Que no baú da memória
Estou sempre a registrar
Pra contar mais adiante
A história relevante
Que envolve o meu lugar.
*

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cordel na TV

No dia 07.09.2012, o programa de televisão Mixtura, do canal TCM, de Mossoró, falou sobre cordelteca, entrevistando o editor Gustavo Luz, da editora Queima-Bucha, sobre o assunto.

Vale a pena conferir:


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Participação dos leitores

MAIS UM PÓS-GRADUANDO POETA

Depois da postagem anterior, outro pós-graduando se inspirou e deixou aqui o seu comentário. 

Mas, como eu já disse outras vezes, um comentário desses tem que virar postagem.

É este o comentário que Anderson Almeida deixou sobre a sua postagem "Participação dos leitores":

Essa história me lembrou
meu tempo de TCC
orientador medonho
parecia até querer
me explorar até as tripas
só pra me fazer sofrer.

Mas no final a vitória
nos recebe sorridente
orientador e nós
ta todo mundo contente
pois terminou a peleja
que me fez ranger o dente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Participação dos leitores


Já disse aqui, mais de uma vez, que uma das coisas que mais me alegra neste Mundo Cordel é receber textos elaborados por leitores, que generosamente os enviam para enriquecimento cultural do blog.

Desta vez, quem me deu essa alegria foi o Fabiano Timbó Barbosa, que narrou em versos a luta dura que é concluir uma pós-graduação e elaborar a dissertação para a obtenção do título.

O blog do Fabiano é o Senectude, e o texto enviado é esse que está logo abaixo.

Grato, Fabiano, e venha sempre a este Mundo Cordel.

Um abraço.



AS CHAGAS DA PÓS-GRADUAÇÃO
Fabiano Timbó Barbosa

Meu nome é Fabiano
Eu vou passar com fervor
Passos sofridos e árduos
Que servirão sem temor
A qualquer estudante
Que quer ser pesquisador.

Em primeiro vem a idéia
Não seja complicada
Pensar em algo novo
Que não seja copiada
Ética e relevante 
Que possa ser aplicada. 

 As novas idéias vêm
Algumas muito boas
Outras são complicadas
Algumas ficam a toa
Até que lhe aparece
Aquela idéia que voa.

O projeto de pesquisa
É uma importante etapa
Orgulhoso professor
Bota o aluno na chapa
Aquele que não fizer
Merece levar tapa.

E agora sem demora
Vem a fase da escolha
Chega a hora do projeto
Alguns parecem cebola
Outros seriam abacaxi
Mas nada de taparolha.

O projeto tem de tudo
Método e estatística 
Termo e autorização
Mas a casuística
Faz o discente pensar
Querendo ser estadista.

O projeto possui partes
Escreve-se que dá dó
Todas são importantes
Que a cabeça dá um nó
Não fosse o orientador
Seria um forró bodó.

Depois de terminado
E com orientador
Fica tudo meio bom
Projeto diminui a dor
É muita ansiedade
Mas pouquíssimo andor.

O orientador sem pena
Parece um valentão
Exige que se conserte
Deixando o aluno na mão
Parece que tudo mexe
E deixa o aluno bobão.

O projeto termina
E vai aquela comissão
Analisa a ética
Deixa tudo no chão
Quando menos se espera
O aluno recebe não.

Quando o fato acontece
É chorar e ranger dentes,
Mas afinal que fazer?
Recomeçar valente
Para quando terminar
O aluno se sentir gente.

A comissão de ética
Faz nova avaliação
Parecem o satanás
Querendo uma  humilhação
Mas quando tá perfeito
Não podem recusar não.

Projeto assim aprovado
Começa com seleção
Difícil encontrar gente
Para participação
Quando o sujeito aparece
Está feita a seleção.

Os sujeitos ajudam
A pesquisa começou
Parece que todos andam
Ninguém ainda parou
O aluno fica aflito
Só Jesus que ajudou.

A fase da coleta
Mais parece um terror
Mas a pesquisa vai
Comanda o orientador
Todo mundo socorre
Até mesmo o computador.

Quando termina a coleta
Começa outra fase
Onde está o estatístico
Parece espaçonave
O aluno fala algo
O estatístico põe crase.

Os dados coletados 
Ganham um tratamento
O discente maroto
Inicia o polimento
Aquele que não fizer
Parecerá um jumento.

O melhor está por vir
Ai começa a escrever
Mas tudo com cautela
O orientador quer ver
E o discente entrega
Agora é só com prazer.

O orientador quer ler
Com muita calma e cautela
A redação das linhas
Parece garranchela
De tanto o aluno pegar
Parece manivela.

 O orientador sofre
Pensa com calma e tensão
Chama o aluno de lado
Para uma conversação
Explica-lhe de tudo
E pede reconstrução. 

O aluno revoltado
Pensa logo em desistir
Mas é muito danado
Pára logo a refletir
Muda rápido o texto
Para ele poder partir.

O orientador aceita
O aluno fica feliz
Agora só falta a banca
Que deixa o aluno no triz
Sofrimento nunca acaba 
Parece um chafariz.

Banca agora formada
Aluno no seu melhor
Começa a explicar tudo
Toda platéia com dó
A pesquisa foi boa
Mas a banca dá um nó.

O momento da defesa
Mais parece uma agonia
Aluno sabido e esperto
Leva na maior anarquia
Professores da banca
Não fazem zombaria.

Aluno vai pra berlinda
Começa a jogatina
Aluno responde tudo
Mas parece sabatina
É como dia de domingo
Com padre e sua batina.

A banca se reune
Todo mundo na tensão
Não se sabe ao certo
Pra que tanta confusão
O aluno fica nervoso
E o orientador com tesão.

Pais, colegas e irmãos
Os professores de curso
Sentam-se para ouvir
Quem parece urso
Todos ficam encantados
Com um lindo discurso.

Momento da grande nota
Aluno nervoso na hora
Orientador na tensão
Todos falam sem demora
Aluno com aflição
Mas o dia é de vitória.

A vitória foi bonita
Parece que terminou
O aluno quer descansar
Agora que começou
O professor lhe explica
Ele ainda não publicou.

Escreve o manuscrito
Com à dificuldade
Faz tudo muito difícil
Parece na faculdade
No final fica bonito
E acaba a crueldade.

A revista científica
Critica, processa e envia
O aluno muito carente
Aguarda com fidalguia
Depois de muito tempo
Um parecer resolvia.

Envia o manuscrito
Ninguém quer aceitar
Trabalho foi bonito
Mas falta finalizar
Quando menos espera
Aceita pra publicar.

Terminou esta etapa
Da sua pós-graduação
Aluno fica feliz
Orientador babão
Ninguém advinha ao certo
Quem fica com mais tesão.

Se você já deseja
Ser grande pesquisador
Este será seu destino
Enfrente sem temor
Levante sua cabeça
Faça isso por amor.