domingo, 3 de abril de 2011

Cordel Encantado


O CORDEL DA NOVELA E A NOVELA DO CORDEL


O site da ABLC diz que a Literatura de Cordel chegou ao Brasil no século XVI, junto com os colonizadores portugueses, e explica:


Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro (http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm).

Apesar dessa origem tão remota, muita gente conhecedora do assunto diz que os cordéis fizeram mesmo muito sucesso nas décadas de 1930 e 1940, entrando em declínio a partir da década de 1960.

Coincidência ou não, está registrado na Wikipedia que “a televisão no Brasil começou em 18 de setembro de 1950”. As telenovelas vieram em seguida, a partir de dezembro de 1951. Isso confirma algo que já ouço há muitos anos, ou seja, que um dos motivos do declínio da Literatura de Cordel foi a entrada em cena das telenovelas.

Faz sentido. Antes da televisão se popularizar, era comum as pessoas se reunirem à porta de casa à noite, para ficarem conversando. Quando havia um folheto de cordel para alguém declamar, essa conversa ficava ainda mais interessante. Com a chegada da televisão, contando histórias através de sons e imagens, ficou difícil para os declamadores do cordel.

Mas, a Literatura de Cordel não acabou por causa disso. O tempo passou e ela voltou a se fortalecer, ajudada curiosamente por uma mídia que hoje ameaça a própria televisão: a Internet.

Coincidência ou não (repeti de propósito), o cordel agora entra na própria novela, com a Rede Globo lançando “Cordel Encantado”, cujas chamadas (vídeos acima) são inclusive cantadas ao som de uma viola, como se diz que ocorria antigamente.

É a prova de que, se um dia pareceu que a novela acabaria com a Literatura de Cordel, hoje se vê que essa mesma novela se rende à Literatura de Cordel e deve puxá-lo para cima.

Claro que há o risco de o Cordel ser mal apresentado, de forma caricata ou simplista, como costuma acontecer com a sociedade do sertão nordestino e seu sotaque, mas acredito que o resultado final será favorável a essa cultura tão brasileira, que consegue a tanto tempo preservar a tradição e se renovar.


Afinal, como já observou o poeta Manoel Belizário, "a novela 'Cordel Encantado' já rende até entrevista com os cordelistas". E olhe que a novela ainda nem começou...




5 comentários:

  1. Caro Mairton,
    Eu fui menina de interior escutando em alpendres,calçadas e terreiros, em volta da bacia de milho ou feijão, histórias de trancoso, adivinhações, fábulas e cordéis.
    Creio que a televisão encantou a todos e aos poucos foi nos roubando esse convívio cultural. E hoje, ironicamente, a própria televisão nos devolve o cordel a sua maneira.
    Não me preocupo com o sotaque pois, nós, eu e você, que somos cearenses, sabemos que ao norte do Ceará falamos de um jeito e ao sul completamente diferente, tanto em relação ao sotaque como ao dialeto típico de cada lugar.E cada estado do Nordeste tem sua peculiaridade ao falar. Pegar esta profusão de sotaques e traduzir num único que agrade a todos, acho missão impossível.
    Gostei do texto e da colocação,
    Um abraço,
    Dalinha

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  2. Seu comentário vem confirmar essa sensação de que a TV nos tirou esses encontros familiares nas calçadas. Lembro de quando chegou a primeira TV em minha rua, na casa de um comerciante em frente à minha. Os meninos se aglomeravam sentados no chão da sala, encantado por aquele objeto mágico, cheio de sons e imagens...
    Acho que alguém deveria fazer uma pesquisa séria sobre isso.

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  3. Olá Marcos Maírton,

    Não acredito que as modernas mídias nos roubaram aquele prazer de ouvir e ler, brincar, dançar, cantar, adivinhar, que adquirimos quando na infância e no período de nossa formação para a vida. E isto vale para os que, infelizmente, até nossos dias não conquistaram a alfabetização (ainda são muitos...). Hoje, com o conhecimento e as informações em âmpla proliferação, a literatura de cordel mostra que não perdeu terreno para as novas mídias como o rádio, a televisão e a internet. A década de 60 sofreu um abate econômico (o papel subiu), por isto a publicação de folhetos sofreu um certo declínio, mas não porque o rádio e a TV suplantaram a produção de folhetos. O que fez as pessoas ficarem em casa coladas a uma telinha de TV, foi a falta de opção de ficar à porta e sairem às ruas, o medo e a insegurança. As tradições que nos foram transmitidas de avós para pais e filhos, estas não são suplantadas por qualquer mídia. Nosso cérebro funciona como um disco rígido para guardar informações e conhecimentos e, mole, maleável, para a transmissão aos nossos filhos, que os transmitiram aos nossos netos e bisnetos. Nossos poetas, com sua sagacidade e poder de obervação utilizam as mídias a seu favor.
    Uma cultura transmitida pelo conhecimento oral, não se perde... A aquisição do conhecimento oral nos entra diretamente para o inconsciente e, muitas vezes, nem nos damos conta daquilo que apreendemos com cantos, cantigas, poesias, fábulas, lendas, festas, brincadeiras, jogos e, toda a gama de saber que invade nosso imaginário e nos fazem felizes...
    Beijos,
    Rosário Pinto

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  4. Poeta se você
    É poeta eu sou também
    Sem titubiar a fala
    Não enganarei a ninguém
    Meu nome é Marcos Bandeira
    Do Ceará para o além

    Sou Professor, cordelista
    Sou Palhaço e sou ator
    Tenho um blog,sou da arte
    Da rima, do cantador
    Sou do teatro e das letras
    Pós-graduado no amor

    bandeirashow.blogspot.com.br

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  5. Há algo de muito podre e imoral no reino de Serafia e na cidade de Brogodó ou exatamente na cabeça de quem escreveu esse negócio chamado Bordel Desencantado... Esse lixo é uma ofensa à família brasileira e uma afronta ao conceito de classificação de faixa etária, conforme: Os Meios de Controle da Programação Televisiva, que no quadro sobre o item sexo identifica tudo o que aparece sobre esta questão na novela para a faixa etária de 12 e 14 anos de idade e horário a partir das vinte horas.
    Lamentável e indevido tudo isto para uma novela do horário das 18 horas e recomendada para crianças de 10 anos de idade.
    P. S.: Leia meus Blogs ─ www.direitoshumanosrespeitoejustica.blogspot.com e www.verdadedomcasmurro.blogspot.com
    Atenciosamente JORGE VIDAL

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